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Espírito de Verdade. Paris, 1860

“Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento.
Instruí-vos, eis o segundo.”

O ESPIRITISMO

 

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, assim como de suas relações com o mundo corporal. Sintetiza um corpo de ideias, entre elas a reencarnação, a comunicação com os espíritos e a evolução do ser humano, à luz dos ensinamentos de Jesus Cristo.

 

Nascido no século XIX, no dia 18 de Abril de 1857, com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, por Allan Kardec, o Espiritismo se estruturou a partir de diálogos estabelecidos por espíritos desencarnados que, se manifestando por meio de médiuns, discorreram sobre temas filosóficos e religiosos sob a ótica da moral cristã, ou seja, tendo por princípio o amor ao próximo e a prática da caridade.

 

O Espiritismo traz à luz novas perspectivas sobre diversos temas de grande relevância filosófica e teológica e a moral cristã, apesar de suas concepções teológicas diferenciadas. Para os espíritas, Jesus Cristo foi o espírito mais elevado a já ter encarnado na Terra. Por isso é o modelo de conduta para o auto aperfeiçoamento humano.

 

OS LIVROS NA CODIFICAÇÃO ESPÍRITA

 

A Doutrina dos Espíritos foi codificada por Allan Kardec, por escrito, num conjunto de cinco livros, a saber:

 

  • O Livro dos Espíritos, lançado em 1857, contém os princípios da Doutrina Espírita no seu aspecto filosófico;

  • O Livro dos Médiuns, lançado em 1861, traz a teoria dos fenômenos espíritas. Um livro considerado como um guia seguro para estabelecer a caracterização da mediunidade experimental;

  • O Evangelho Segundo o Espiritismo, lançado em abril de 1864, livro traz a interpretação dos Espíritos sobre as palavras e ensinamentos de Jesus e os textos bíblicos;

  • O Céu e o Inferno, lançado em 1865, traz a Justiça Divina segundo o Espiritismo. Um livro que apresenta uma síntese de referências históricas de religiões, crenças, doutrinas e demais elementos das diversas civilizações, e o relato de numerosos exemplos sobre a situação dos Espíritos no mundo espiritual; e,

  • A Gênese, lançado em 1868, traz “Os milagres e as Predições segundo o Espiritismo”. Um livro que do ponto de vista científico, constitui a síntese de todas as obras anteriores.

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ALLAN KARDEC

 

Hippolyte Léon Denizard Rivail foi um educador, escritor e tradutor francês que nasceu em 3 de outubro de 1804 na cidade de Lyon e veio a desencarnar em 31 de março de 1869 em Paris. Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o codificador do Espiritismo.

 

Nascido numa família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia, desde cedo manifestou propensão para o estudo das ciências e da filosofia. Fez seus estudos na Escola de Pestalozzi, em Yverdon-les-Bains, na Suíça, tornando-se um dos seus mais distintos discípulos e ativo propagador de seu método, de forte influência na reforma do ensino na França e na Alemanha.

 

Aos dezoito, bacharelou-se em Ciências e Letras. Retornando ao seu país natal, o jovem Revail passou a fazer traduções do alemão para o francês em livros de educação e moral, com destaque para as obras de François Fénelon, pelas quais manifestava particular atração. Dominava, também, o inglês, o holandês, o italiano e o espanhol. Era membro de diversas sociedades, entre as quais a Academia Real de Arrás, que o premiou com uma medalha de ouro em 1831. Anos antes havia iniciado trabalho para aperfeiçoar o ensino público francês.

 

Em fevereiro de 1832, casa-se com com Amélie Gabrielle Boudet, nove anos mais velha que ele e sua colaboradora e incentivadora, tendo prosseguido na Sociedade Espírita de Paris, após seu desencarne.

 

Como pedagogo, o jovem Rivail dedicou-se à luta para uma maior democratização do ensino público. Entre 1835 e 1840, manteve em sua residência cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia e outros.

 

Publicou diversas obras sobre educação e se tornou membro da Real Academia de Ciências Naturais.

 

Das mesas girantes à codificação

 

Conforme o seu próprio depoimento, publicado em “Obras Póstumas”, foi em 1854 que Rivail ouviu falar pela primeira vez do fenômeno das “mesas girantes”, bastante difundido à época, através do seu amigo Fortier. Sem dar muita atenção ao relato naquele momento, atribuindo-o somente ao chamado magnetismo animal de que era estudioso, só em maio de 1855 sua curiosidade se voltou efetivamente para as mesas, quando começou a frequentar reuniões em que tais fenômenos se produziam.

 

Durante este período, também tomou conhecimento do fenômeno da escrita mediúnica (ou psicografia) e, assim, passou a se comunicar com os espíritos. Um deles, conhecido apenas como um “espírito familiar” passou a orientar seus trabalhos. Mais tarde, este espírito iria lhe informar que já o conhecia de outras encarnações, com o nome de Allan Kardec. Assim, Rivail passa a adotar este pseudônimo, sob o qual publicou as obras que sintetizam as leis da Doutrina Espírita.

 

Convencendo-se de que o movimento e as respostas complexas das mesas deviam-se à intervenção de espíritos, Kardec dedicou-se à estruturação de uma proposta de compreensão da realidade baseada na necessidade de integração entre os conhecimentos científico, filosófico e moral, com o objetivo de lançar sobre o fenômeno um olhar que não negligenciasse nem o imperativo da investigação empírica na construção do conhecimento, nem a dimensão espiritual e interior do homem.

 

Tendo iniciado a publicação das obras da Codificação em 18 de abril de 1857, quando veio à luz “O Livro dos Espíritos”, considerado como o marco de fundação do Espiritismo, após o lançamento da Revista Espírita (1 de janeiro de 1858), fundou, nesse mesmo ano, a primeira sociedade espírita regularmente constituída, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

 

Os últimos anos

 

Kardec passou os anos finais da sua vida dedicado à divulgação do Espiritismo entre os diversos simpatizantes, e defendê-lo dos opositores. Faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos, em decorrência da ruptura de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho.

 

Foi sepultado no Cemitério do Père-Lachaise, uma célebre necrópole da capital francesa. Acima de sua tumba, consta seu lema: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”, em francês.

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Túmulo de Allan Kardec

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